A ECONOMIA CIRCULAR!!

Publicado por: Claudius D’Artagnan C. Barros

COM A PALAVRA,…. A ECONOMIA CIRCULAR!!

A Economia Circular é um conceito genial.
Para entendê-lo bem, entretanto, é conveniente lembrar do que ele não é. Em outras palavras – lembrar seu oposto, a chamada Economia Linear, que nada mais é do que a economia industrial tal qual a conhecemos. Um modelo produtivo clássico, sistêmico, onipresente, centenário, responsável pela prosperidade de muitas
organizações pós revolução industrial e cujo processo, também enriqueceu financeiramente muitas nações.

Todavia, trata-se de um design essencialmente ultrapassado considerando as demandas atuais e futuras da sociedade, visto que atua contra o mundo vivo cuja sustentabilidade só é possível, convertendo resíduos em materiais e produtos de potencial utilidade.

Então, o que estamos chamando de Economia Circular, é um novo modo de olhar para as organizações industriais e para os negócios em geral, reformatando radicalmente aquela cadeia anterior e transformando-a, de ciclo vicioso em virtuoso. O importante é que esse novo ciclo, deve ser capaz de reduzir drasticamente a quantidade de recursos naturais extraídos hoje, indiscriminadamente,
do planeta Terra para serem convertidos em matéria prima e dar início ao processo produtivo. Para isso, o desafio é aperfeiçoar continuamente todos os processos, senão vejamos:

▪ Extração de recursos naturais: desenvolver tecnologia que nos possibilite extrair cada vez menos com menor dano ambiental.

▪ Produção: desenvolver tecnologias que empreguem cada vez menos materiais, absorvam como matéria prima descartes de outros processos havidos anteriormente; fabriquem produtos cada vez mais duráveis e; reduzam de maneira contundente o desperdício na fase de fabricação e uso;

▪ Consumo: consumir somente o necessário; reaproveitar e compartilhar bens e serviços; consertar, reformar, refazer o que já está pronto; vender, alugar, emprestar ou fornecer de graça (a quem precisa), o que não será mais usado, ao invés de simplesmente descartar.

▪ Abandono: definitivamente, preferir produzir recicláveis em lugar de produzir lixo.

▪ Degradação: Preferir produtos biodegradáveis.

Em tese, estamos falando de Sustentabilidade, conceito com o qual a Economia Circular tem intimidade. Os famosos 3R da Sustentabilidade (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) são o principal mote da Economia Circular. E neste conceito….

▪ os resíduos em geral passam a ser tratados como um recurso valioso;

▪ a coleta, a triagem e a reciclagem de produtos e materiais descartados devem ser adotadas como atividades rotineiras;

▪ os produtos e materiais passam a ser considerados, desde sua concepção inicial, como passíveis de alguma forma de reutilização quando chegaram ao fim de seu ciclo de vida útil.

A Economia Circular é – portanto, como vemos, muito mais do que uma simples mudança de perspectiva: ela é uma verdadeira mudança disruptiva de conceito, um novo modo de enxergar as coisas no mundo, de forma que sejam devidamente respeitados os limites que o planeta Terra nos impõe.

As nações, empresas e pessoas despertaram para a Economia Circular quando se tornou evidente que estamos consumindo mais recursos naturais não renováveis do que em qualquer outra época histórica; e – muito mais importante do que isso, é que estamos consumindo o planeta mais do que este tem condições de suportar. Em outras palavras, a capacidade e a velocidade de renovação ou regeneração dos recursos não renováveis do planeta já foi há muito suplantada pelo consumo desses recursos. Por causa disso, o impacto ambiental das atividades econômicas vai se tornando cada vez mais oneroso e insuportável.

A Terra se exaure e os reflexos disso são vistos no claro aumento na quantidade e na virulência dos fenômenos climatológicos que estamos tendo de enfrentar e cada vez mais impactantes, como: furacões, tsunamis, deslizamentos de terra, alagamentos, enchentes e outros eventos climáticos…

Nossa irracionalidade coletiva já vitimizou milhares de pessoas no mundo, inclusive no Brasil, onde tivemos ocorrências catastróficas, de triste lembrança, visto – Mariana, Brumadinho e, mais recentemente, a tragédia na histórica cidade de Petrópolis.

E, olhando o problema de frente, tristemente constatamos que avançamos até agora muito pouco. O mundo atual é apenas 9% circular; e nossa matriz de business é, portanto, quase que completamente linear. É uma situação que tende ainda a se agravar mais, caso nada fizermos a respeito.

Temos de pensar que, em 2050, nosso planeta deverá abranger 9 bilhões de almas, 1,5 bilhão mais do que indicam os sensos atuais. E que ainda estaremos produzindo cerca de 379kg de resíduo/habitante/ano (se não mais) e reciclando em média inexpressivos 4% disso!

Como fazer, então, para levar as pessoas a conscientizarem-se sobre esse grave problema? Como conseguir que coletivamente levemos a sério o novo paradigma? Como desenvolver um novo mindset para os negócios – em especial, os de transformação?

O conceito moderno da Economia Circular não se resume à adoção de novos métodos de produção ou à elevação da capacidade de reciclar rejeitos. Ele é bem mais complexo do que isso, requerendo medidas em diferentes áreas, dentre as quais ressaltam, especialmente: a adoção de uma nova inteligência de design; uma radical substituição de materiais e insumos; uma completa transformação no mindset das pessoas em relação ao consumo; uma reutilização de produtos descartados pelo redesign; um retorno a um modo mais conservador de encarar o conceito de valor.

Examinemos com exemplos práticos algumas dessas propostas:
Nova inteligência de design (Design Thinking) – Todos sabemos do enorme sucesso que as cápsulas de café fizeram, em poucos anos de presença no mercado. Elas surgiram para evitar desperdício de café.

Descobriu-se que a maior parte do café coado não era consumido, mas sim, jogado no ralo da pia. A cápsula de café veio corrigir isso! Radical substituição de materiais e insumos – Todavia, se o novo produto solucionou brilhantemente o problema do desperdício de café, criou um outro ainda maior: o que fazer com as embalagens após o uso? Compostas por vários produtos químicos, elas não podiam ser simplesmente jogadas no lixo, pelo grave impacto ambiental causado. Mas, por outro lado, tampouco era possível reciclá-las e reutilizá-las.

Como resolver essa equação? Em 2018 já havia 56 bilhões de cápsulas vazias descartadas em aterros sanitários. Para resolver o problema, algumas empresas tiveram ideias geniais. A fabricante de canivetes suíços Vitorinox e a sueca Vélosophy produtora de bicicletas, começaram a utilizar as cápsulas descartáveis de café na fabricação de seus produtos, refundindo e moldando o material em formato de carcaça de canivete e em quadro de bicicleta.
Transformação no mindset de consumo – Muitas pessoas no mundo estão deixando de lado a febre consumista, adotando uma atitude de minimalismo no consumo de bens e serviços.

Muitos estão se reeducando para consumir produtos biodegradáveis, para evitar lixo e reciclar; outros ainda para adotarem hábitos de vida mais condizentes com as necessidades do planeta, no que diz respeito ao comer, beber, dormir, vestir, morar, viajar, transporta-se, ou mesmo, relacionar-se.

Todas essas tendências acabam desembocando numa atitude fundamental de trocar a ideia de abundância (recursos inesgotáveis) pela ideia contrária, da escassez. O redesign passa a ser a tônica, substituindo o descarte puro e simples. O jogar fora ou pôr no lixo alguma coisa passa a ser considerado um indicativo de que houve, anteriormente, um erro de design, que não deve se repetir.

Por enquanto, em nenhum lugar do mundo o conceito de Economia Circular se encontra suficientemente desenvolvido; existem, talvez, alguns bolsões. Na Europa, onde o conceito surgiu, o movimento foi testado e colocado em prática de diversas formas. Por empresas, como modelo de negócio; pelo segmento acadêmico, na forma de pesquisas; e pelos governos. Desde 2014, existe um conjunto de normas da Comissão Europeia para seus países-membros sobre Economia Circular.
Enfim, isso posto, convido-o a refletir sobre o assunto!

A responsabilidade desse artigo é de exclusividade do seu autor.