PLANEJAR, E NÃO APENAS SUBSTITUIR

Publicado por: Profº Marcilio cunha

Planejar, e não apenas substituir

 

Estamos vivendo um momento no Brasil que nos impõe a necessidade profunda reformulação da política de transportes. A disponibilidade pura e simples da infraestrutura viária não garante boas condições de transporte, à medida que este, em contrapartida apresente sérios problemas no que diz respeito a dificuldades operacionais, custos elevados e, consequentemente, baixa eficiência. A nova política que defendo não deverá substituir a ênfase na implantação da infraestrutura de uma modalidade de transporte em detrimento de uma outra modalidade. As prioridades no setor de ferrovias, aéreo, hidrovias e no transporte marítimo de cabotagem devem significar implicitamente o abandono da concepção de investimentos na expansão da infraestrutura, com projetos de implantação mau elaborados, feitos as pressas. Partir para um planejamento melhor concebido, onde a atenção será dada a melhoria de condições operacionais em vias com maiores possibilidades de economia de escala. Os investimentos no transporte ferroviário e hidroviário terão que atender às cargas que lhes são próprias nas rotas que apresentam maior densidade de tráfego e poderão com isso propiciar reduções de custos concernentes para o processo produtivo. Ao meu ver, o futuro do setor de transportes em atendimento à logística do país, será definido pela capacidade do planejamento de se adaptar ou de atender às necessidades empresariais a cada caso. Assim, o setor de transportes deve ser visto como um serviço intermediário na cadeia de suprimentos, e não como um fim em si mesmo, deverá ser a tônica de qualquer reformulação da política e do planejamento dos transportes. As rodovias continuarão a desempenhar o seu papel, de transportar carga geral de maneira mais eficiente e rápida. Continuarão a desempenhar o seu papel de meio de transporte básico para a coleta da produção local, para a penetração em novas áreas de fronteira agrícola com hoje o faz. A nova política de transportes terá de criar complementaridades e não acentuar competição entre as diferentes modalidades. Como maneira de enfrentar a competição entre os vários modais de transporte, que têm aplicações diferentes, cabe compatibilizar. Os aeroportos têm crescido a taxas maiores que os da economia em geral, pois o transporte aéreo é mais adequado para produtos de alto valor agregado e de equipamentos de pequeno porte que demandam transporte rápido. O transporte nos rios é mais barato, porém mais adequado para produtos de grande volume e de baixo valor agregado. A minha opinião, é que pequenos investimentos na melhoria das condições operacionais das embarcações e nas condições dos portos fluviais podem trazer um grande benefício econômico. Com relação a cabotagem, oferece custos inferiores, menos problemas de segurança, gera menos avarias e emissões de poluentes. O desafio é tirar o mercado da conveniência do modal rodoviário, que gera operações mais simples, levando os produtos do fornecedor diretamente ao ponto final. Quanto às ferrovias, temos de considerar a enorme crise que se abateu sobre esse setor, em todo o país, nos últimos 40 anos. Portanto, temos que pensar em investimentos para recuperar o tempo perdido uma vez que este transporte é mais barato do que o rodoviário quando falamos de grandes distâncias. Além disso, o problema ferroviário é antes de mais nada um problema de reorganização administrativa profunda, de revisão de métodos gerenciais e de reestruturação operacional, aproveitando as economias de escala para a redução de custos.Torna-se imprescindível adaptar-se aos novos cenários políticos e econômicos, manter a rentabilidade, preservar a qualidade, a excelência operacional, como maneira de satisfazer clientes e preservar posições de mercado. Portanto com a desaceleração econômica, as empresas procuram não apenas diminuir os gastos, mas também buscam reavaliar todas suas operações, incluindo, dessa forma, a logística. Essa avaliação vejo que beneficiaria o setor de transportes.