ESTRADAS E SEUS DESVIOS

Publicado por: Profº Marcilio cunha

Estradas e seus desvios

 

A malha rodoviária brasileira possui extensão de 1,7 milhão de quilômetros, sendo que somente cerca de 213 mil são pavimentados e boa parte em mau estado de conservação. As rodovias do Brasil tiveram uma grande queda de qualidade. Pesquisa CNT de Rodovias 2021 revela que 61,8% das rodovias pavimentadas do Brasil têm algum tipo de problema. Nessa condição, o consumo de combustível se eleva 57 % acima do normal, aumentando em 37% os custos operacionais. Em consequência, o frete custa 40 % a mais, dinheiro repassado para o consumidor final. Desse modo, a parcela de carga que seria destinada às ferrovias e aos portos tem sido desviada para as rodovias, num efeito economicamente negativo com o aumento do frete. Dos 109 mil quilômetros avaliados, cerca de 67mil quilômetros receberam classificação regular, ruim e péssimo. Em 2021, a pesquisa avaliou 23 mil quilômetros de rodovias sob controle da iniciativa privada. O estado geral de 25,8% dessa extensão foi classificado como regular, ruim ou péssimo. Esse percentual representa pouco mais de um quarto (6.087 quilômetros) da extensão das estradas sob concessão. Dos 57,2 mil quilômetros de rodovias federais pavimentadas no Brasil, sob administração do Departamento Nacional e Infraestrutura de Transportes (DNIT), 59% apresentam bom estado de conservação. Os percentual divulgado pelo órgão representa o total de 33,7 mil quilômetros. No Brasil as estradas são em geral sinônimos de má qualidade. Parecem sempre agonizar por maus tratos e pouca manutenção. Quando se comenta sobre as rodovias, se questiona logo a durabilidade do rolamento. Questiona-se por que o pavimento se deteriora tão rápido com aparecimento de buracos? Os motoristas e usuários fazem sempre essa indagação. Normalmente a resposta vem dos engenheiros acostumados a construir e estudam a pavimentação como ninguém. Alegam a sobre carga nos veículos do transporte rodoviário, que com certa frequência circulam com excessos de peso, como grande vilão da precoce degradação. Estudos e pesquisas por conceituadas instituições, apontam que um sobre peso de 10%, eleva em 50% o dano provocado no pavimento de uma rodovia. O maior problema é que o dano não é linear e sim exponencial. Os buracos surgem, quando o veículo com sobrepeso trafego sobre o pavimento ele se deforma. Quanto mais flexível é o solo, mais ele se deteriora formando trincas nas camadas inferiores. Com o aumento de passagens de veículos sobre o mesmo solo, as repetidas deformações desgastam ainda mais o material, provocando novas trincas e se alastrando sobre todo o pavimento. Os abusos de caminhoneiros transportando carga com peso maior que a capacidade do veículo, podem ocasionar acidentes de graves consequências. Com sobrepeso, crescem as chances de perda de controle e dificuldades na frenagem. Outro vilão das estradas é a água da chuva no asfalto, provocando outros tipos de danos. Quando a drenagem do pavimento é insuficiente, provoca desgaste prematuro podendo comprometer a segurança da rodovia. A forma correta de agir para concertar, seria selar a trinca com ligante asfáltico, o que evitaria que a água penetrasse no pavimento evitaria a evolução das fissuras. Intervir nessa fase reduz entre 5 e 10 vezes o custo de manutenção em comparação com remendos futuros. Além da eficiência do sistema de drenagem, torna-se importante a preservação da vegetação e mantendo desobstruído e isento de lixo. Critérios para proporcionar qualidade ao pavimento são conhecidas pelos especialistas e se resume em manutenção. Por isso, que as rodovias concessionadas, sob gestão da iniciativa privada, têm sempre uma avaliação maior com relação a qualidade, do que as geridas pelo poder público. As manutenções das rodovias sob concessão são periódicas e exigidas nos contratos. Entre os gestores públicos, essas ações não são as mesmas tendo-se criado o hábito de adiar a manutenção das estradas, seja pela carência de recursos ou falta de compromisso.

 

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