Gargalos nos transportes

Publicado por: Profº Marcilio cunha

As empresas brasileiras gastam 56% a mais que as norte-americanas para fazer com que a produção alcance o destino final. Por conta das incertezas e atrasos na movimentação de mercadorias, mantem estoques por mais de vinte dias, prazo superior aos das empresas americanas. No agronegócio brasileiro, por conta da deficiência no transporte, calcula-se que R$ 4,5 bilhões sejam perdidos anualmente. Apesar de todo o esforço da equipe do Ministério de Infraestrutura na recuperação de estradas, portos, aeroportos e ferrovias, a defasagem é muito grande. Com 8,5 milhões de quilômetros quadrados e uma das maiores economias no mundo, o Brasil possui um sistema de transporte caótico e sem planejamento que leve em conta a racionalidade. Apesar do frete mais elevado, a maioria dos empresários dão preferência ao transporte rodoviário. Isso é atribuído a falta de regularidade da oferta dos transportes marítimo e ferroviário, que se caracterizam pela lentidão a que são submetidas as cargas. Além disso, há déficit de caminhões e faltam estradas. A malha rodoviária brasileira possui extensão de 1,7 milhão de quilômetros, sendo que somente cerca de 221 mil são pavimentados e boa parte em mau estado de conservação. Nessa condição, o consumo de combustível se eleva 57 % acima do normal, aumentando em 37% os custos operacionais. Em consequência, o frete custa 40 % a mais, dinheiro repassado para o consumidor final. Desse modo, a parcela de carga que seria destinada às ferrovias e aos portos tem sido desviada para as rodovias, num efeito economicamente negativo com o aumento do frete. O setor ferroviário está sendo reativado, mas obstáculos poderão comprometer o seu crescimento futuro, como a paralização das obras das ferrovias Ferrogrão e o ramal Salgueiro – PE a SUAPE – PE da Transnordestina. A extensão das ferrovias é de 29.817 quilômetros e calcula-se que um país das dimensões do Brasil deveria ter 52 mil quilômetros. Por tudo isso, os especialistas apontam que as ferrovias chegaram ao seu limite de transporte. O traçado da malha é 30 % mais longo do que as rodovias devido às sinuosidades e fortes rampas. As distâncias diferentes entre trilhos (bitola) ao longo das ferrovias provocam transbordo para troca de máquina e vagões. A velocidade média dos trens brasileiros de 25 Km/h é muito baixa, comprometendo a produtividade. Além disso, merece solução urgente e os transtornos causados pelas 434 invasões de faixa de domínio e 2.611 passagens de nível em situação crítica. Com relação aos portos, cerca de 47 no país onde passam 95 % das mercadorias de importação e exportação. A maioria dos portos nacional opera a 80 % a 90 % de sua capacidade, o que reduz sua eficiência. Nos portos da Europa, a média de eficiência se encontra em 50% da capacidade. No Porto de Roterdã são movimentados 40 contêineres por hora e, no Porto de Rio Grande -RS são movimentados 30 contêineres. O Porto de Xangai é o 1° lugar no mundo de movimentação de contêineres com 37 milhões de TEUS o Porto de Santos é o 39° com 4 milhões de TEUS. A falta de automação portuária e um excesso de funcionários, trás uma ineficiência muito grande. Quanto as hidrovias, o Brasil apesar de ter uma extensão privilegiada de 42,8 mil quilômetros, somente 8,5 mil são utilizados comercialmente. Os investimentos são pequenos para as enormes necessidades do setor. Para ampliar o potencial da malha fluvial, são necessárias eclusas nas usinas hidrelétricas que interrompem a rota das embarcações. Também há pontes com os vãos muito baixos em alguns trechos. Quanto ao sistema aéreo, um dos postulados da aviação comercial garante que existe uma ligação direta entre o comportamento do produto interno bruto e os resultados alcançados pelas companhias aéreas. Cresce o PIB, a demanda de passageiros e os lucros aumentam nos balanços das empresas. O tráfego aéreo brasileiro aumenta ao ritmo de 9% ao ano, e a previsão é de que o transporte por aviões aumente esse percentual pós pandemia. Em razão desse descompasso de investimentos do governo e as necessidades de portos, aeroportos, hidrovias, ferrovias e rodovias, na recente revisão do Plano Nacional de Logística e Transportes, o valor está na ordem de R$ 1,7 trilhão.