LOGÍSTICA E SUPPLY CHAIN 4.0 : ESTRATÉGIAS E TENDÊNCIAS

Publicado por: Felipe Trigueiro

Logística e Supply Chain 4.0: Estratégias e Tendências

Os desafios, complexidades e oportunidades para um mercado que precisa se transformarpara atender o novo mercado digital em uma economia disruptiva.

O Objetivo deste artigo é promover a reflexão sobre o que realmente está acontecendo no mundo da Logística e da Supply Chain e quais os melhores caminhos a serem seguidos neste momento de transformação.

Há um fenômeno de fato de transformação digital no mundo e uma febre generalizada sobre o varejo digital, porém poucos planos são consistentes e poucas empresas estão prontas para este momento.

Segundo o relatório do Digital Supply Chain Management 2020 Visio da SAP:
• 90% dos CEO acreditam que a economia digital terá um grande impacto na sua indústria;
• mas apenas 25% têm um plano de digitalização elaborado.
• Em 2017 foram investidos mais de 1 trilhão de dólares em iniciativas de Transformação Digital

Esta nova revolução, denominada de Revolução Industrial 4.0, difere das demais revoluções em Velocidade, Abrangência e Profundidade. Ou seja, não há mais tempo a perder. Para quem adotou com sucesso os processos de transformações digitais em curso, viram suas receitas aumentarem em média de 9% e o valor de seus negócios saltarem em média de 12%, além de aumentaram a rentabilidade em 16%.

Contextualização

O futuro é digital. Isso não podemos negar. As constantes transformações tecnológicas que o mundo vem passando mostram de fato que a ficção virou realidade.

Os avanços nas tecnologias vêm provocando profundas mudanças em nossa sociedade e nos hábitos de consumo. Compreender as ferramentas existentes e como impactam os negócios é fundamental para uma transformação digital de sucesso.

Blockchain, IOT, I.A., Nuvem, Robótica, Drones, Realidade Virtual, Realidade aumentada, Impressão 3D, Nanotecnologia, Biotecnologia, Veículos autônomos, entre outros, são partes deste fenômeno que esta transformação trouxe para a realidade e que precisam ser compreendidos e avaliados de como podem ser estratégicos e influenciadores no mundo dos
negócios.

Com esta transformação digital o entendimento sobre o perfil do consumidor precisa ser melhor entendido. Entender e pensar na relação de um produto ou serviço com o usuário é fundamental antes de pensar em novas estratégias, para desta forma escolher o melhor caminho.

Quem é o seu cliente? O que eles esperam do seu produto ou serviço? Quanto estão dispostos a pagar por este produto ou serviço? Onde este produto deve ser disponibilizado?
Perguntas simples, mas com respostas complexas e se bem compreendidas levarão ao
sucesso das organizações.
Estratégias que ganham força:
No boom deste processo de transformação, algumas estratégias ganham força e, se bem
implantadas, podem alavancar os resultados:
I. Omnichannel:
A estratégia Omnichannel se baseia no uso simultâneo e interligado de diferentes canais de vendas, com o objetivo de estreitar a relação entre online e offline, aprimorando, assim, a experiência do cliente. Dessa forma, o Omnichannel possibilita usar um aplicativo para encontrar o item desejado, experimentá-lo na loja e recebê-lo no em casa.


Esta estratégia possibilita criar vários canais de venda para o mesmo produto ou serviço.
Com base na última pesquisa Gartner “Intelligence Report: Omnichannel 2019”, a mudança do comportamento do consumidor aumentou e impulsionou as empresas a investirem em hiperconectividade.
Estratégias como pick-up-store (Clique retire) ou BOPIS (Buy On Line Pick up in store) e BORIS (Buy Online Return in Store), ou seja, a modalidade de logística reversa que permite a compra online e troca/devolução na loja física, ganham destoque neste novo cenário.
A aplicação destas modalidades aumenta a visibilidade das empresas ao mesmo tempo que pressionam para uma gestão de estoques e serviço ao cliente mais eficientes.
II. Ship From Store (SFS):
Ship From Store é um termo em inglês para denominar o conceito de envio de produtos sem o uso de centros de distribuição. Ou seja, ao invés de deixar todo o estoque concentrado em apenas um local, as mercadorias ficam distribuídas nas próprias lojas físicas.
Transformando o ponto de venda físico em um minicentro de distribuição para atender os pedidos os pedidos on-line. Esta estratégia passou a ser utilizada por diversas empresas como alternativa de aumentar receitas (lojas on line que criaram lojas físicas e lojas físicas que criaram lojas on line) melhorando o nível de serviço ao cliente, criando opções de modalidade de entrega minimizando riscos dos processos de atendimento ao cliente.
O grande diferencial de fazer da loja física um ponto de distribuição é a facilidade e agilidade da compra online. É que, ao finalizar o pedido, o comprador pode decidir se quer que o produto seja entregue em casa ou se prefere retirar pessoalmente no estabelecimento mais próximo, gerando comodidade e conveniência em benefício do cliente / consumidor e facilitando o processo de entrega.


III. Dropshipping:
Com a maior possibilidade de integração entre as empresas, permitindo um maior controle e visibilidade da cadeia de suprimentos, o Dropshipping passou a ser mais utilizado como estratégia e alternativa para melhorar o serviço ao cliente reduzindo as operações excessivas e em alguns casos substituindo o Crossdocking.

A estratégia que possibilita a redução do capital investido em estoque passou a ser melhor utilizada pelas empresas a partir do momento em que as mesmas conseguem integrar e gerenciar todo o processo da cadeia de fornecimento.
O maior risco é o não cumprimento do prazo prometido para a entrega, mas a boa gestão do fluxo do pedido permite a oferta de prazos reais alinhado a expectativa de entregas com os clientes e permitindo oferecer preços mais atrativos e maior rentabilidade para o cliente e para a empresa.
Estratégias antigas são mais valorizadas:
A colaboração e a responsabilidade social e ambiental foram fortalecidas neste processo de transformação digital. A facilidade de acesso a informações, pesquisas e a transparência exigida pelo consumidor começam a moldar as operações das empresas.
Desta forma, algumas estratégias antes deixadas em segundo plano, passam a ser fundamentais. Tais como a Logística Reversa e as Operações Compartilhadas.

o Logística Reversa:

A Logística Reversa é, portanto, o fluxo contrário – do ponto de consumo ao ponto de origem. Ela visa a recuperação de valor ou a disposição apropriada dos bens.
Considerando a complexidade da Cadeia Reversa, é compreensível entender o porquê de as empresas deixarem de olhar com mais cautela esta estratégia. A falta de conhecimento e entendimento sobre as legislações vigentes, e em muitos casos ultrapassadas, também pesam nesta complexidade.


A complexidade da Cadeia Reversa exige uma colaboração intensa para proporcionar a agilidade necessária.
Combinar o atendimento das exigências e expectativas dos clientes associando aos aspectos legais, sociais, ambientais e financeiros da organização são os fatores chaves para uma Cadeia de Suprimentos Sustentável.
Entendendo que neste momento o foco inicial é a relação com o cliente / consumidor, iremos focar as nossas atenções para o entendimento da Logística Reversa do Pós-Venda.
Alguns dados para analisarmos:
 No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Varejo (IBEVAR), em 2018 o varejo de bens de consumo movimentou aproximadamente R$ 1,3 trilhões;
 Segundo a Sociedade Brasileira de Varejo (SBV), 5% de tudo que vendido é devolvido pelo cliente por motivos diversos;
 O Custo da Logística Reversa chega a representar 6% do faturamento bruto das
empresas;
 Há registros de fabricantes que este custo chega a representar 15%;
 As taxas de devoluções em crescem em média 4% ao ano;
 Empresas que adotaram boas práticas de Logística Reversa no Pós-Venda reduziram seus custos em aproximadamente 10%.

Quando nos deparamos com as pesquisas do comportamento do consumidor neste processo vemos ainda mais a importância de se ter estratégias claras em relação ao Pós- Venda.


O Relacionamento com o cliente deve ser visto como um investimento. Entender e proporcionar uma experiência de compra de alto nível deve fazer parte da estratégia, proporcionando segurança na compra, estabelecendo um processo simples e rápido para as Trocas e Devoluções, pois a partir dela será possível:
• aumentar em 64% a satisfação do consumidor;
• Possibilidade de gerar uma nova venda em 45% das ocorrências;
• Reter 31% dos clientes.
– Operações compartilhadas e o modelo de Lead Logistic Provider (LLP):
O compartilhamento de operações vem ganhando ainda mais força neste cenário.
O crescente uso de Operadores Logísticos, compartilhamento de Veículos, Ativos e as atividades de Gestão da Cadeia de Suprimentos, Armazenagem e Mão de Obra estão crescendo evidenciando que a colaboração é um fator chave neste cenário.
Aspectos geográficos e tributários também são considerados decisivos nas operações compartilhadas. A utilização de Operadores Logísticos e a modalidade de Armazéns Gerais apresentam umas das melhores alternativas para melhorar o nível de serviço, ter uma maior capilaridade e custos mais adequados, aumentado a eficiência operacional em todos os níveis da Cadeia de Suprimentos.
Impulsionado também por esta transformação digital, o Supply Chain Digital permite que as organizações passem a gestão da cadeia de suprimentos para uma empresa especialista, buscando desta forma sinergia de processos, tecnologias e de recursos humanos, promovendo uma grande força de colaboração e de busca por resultados ágeis.

Nesse contexto ganha força a implantação de Lead Logistic Provider (LLP) ou Fourth- Party Logistic Provider (4PL) como estratégia para as empresas para uma melhor Gestão da Cadeia de Suprimentos, atuando como integrado e gestor fazendo a interface entre a Organização e todos os provedores de serviços logísticos.
Nesta estratégia é importante não confundir o conceito LLP com Torre De Controle.
As Torres de Controle têm como foco o da Operação, desta forma fazendo parte do escopo das atividades do LLP.


O uso destes especialistas e a importância da colaboração são fatores determinantes para implantações bem-sucedidas do modelo LLP, mas a certeza que os resultados sempre serão melhores é inquestionável.
Atenção redobrada:
O destaque neste momento é para a melhor execução do Last Mile. Esta experiencia do consumidor é determinante para o retorno e realização de novas compras.
I. Last Mile:
A última milha ou última etapa, é o caminho final para o sucesso da entrega ao cliente ao consumidor. É a última chance de encantar o cliente, por isso a gestão do Last
Mile precisa ser muito bem planejada.
Planejar rotas, sincronizar o processo de picking e expedição à roteirização de entrega para aumentar a produtividade e assertividade é um ponto muito importante, além de adequar a estrutura tecnológica e operacional.

Investir em tecnologias de gerenciamento de entregas on-line (DMS – Delivery Management System) com monitoramento de time-line ativo para interagir com o cliente sobre o status de sua entrega.
Utilizar o agendamento de entrega dando opções de dias, turnos e hora para promover alternativas e comodidade e conveniência para o cliente também é estratégico e gera uma nova expectativa na experiência de compra.

Ferramenta de Gestão e Monitoramento das Entregas (DMS)


Utilizar ferramentas que ajudem na roteirização, controle de tráfego e interação com o motorista para garantir o controle de prazo das tarefas devem ser rotinas. Buscar que todas etapas sejam gerenciadas e atendam todos os quesitos de compliance também são importantes.
A Gestão do Last Mile vai além do “chegar o produto certo, no dia certo, na hora certa e nas condições estabelecidas”. O papel do entregador é fundamental. O Atendimento, a cordialidade, a presteza em servir ao cliente é evidenciada neste momento. Por isso o cuidado com as estratégias de compartilhamento de carga, investir em transportes coletivos e aplicativos de entrega precisam ser gerenciados “de perto”, pois o mau atendimento pelo entregador pode colocar em risco todas as demais estratégias.

Neste contexto de muitos desafios para a execução da última milha, algumas estratégias precisam ser avaliadas:


Aspectos de infraestrutura, segurança pública e legislação local são pontos determinantes para a adoção destas estratégias. Avaliar com cuidado como cada estratégia desta pode ajudar em seu negócio é uma atividade que requer muito estudo e ajuda de especialistas para gerar o entendimento correto, rápido e da melhor forma possível.
Conclusões
O que fazer?
1. Invista acima de tudo nas pessoas. Não há limites para esta ação. O que deve existir é um bom plano de desenvolvimento alinhado com o propósito da organização. Contrate bem e retenha os talentos;
2. O Cliente / Consumidor deve estar sempre no centro das decisões;
3. Redefina as estratégias e amplie os investimentos em Logística e Supply Chain Digital;
4. Personalização é um grande diferencial; Logística Tributária
No Brasil, não podemos deixar de ficar atentar aos aspectos tributários. Onde esta transformação digital também pressiona para mudanças de legislações e consequentemente para novas avaliações de malhas logísticas em detrimento a benéficos fiscais, substituições tributárias (ST), entre outros.
 Este tema será tratado a parte, mas não poderia deixar de ser mencionado, pois para várias empresas tem grande implicações e investimentos em infra-estrutra que foram realizados a partir do modelo atual.

5. Omnichannel deve estar presente;
6. Informação é um ativo muito valioso: velocidade, transparência e segurança são decisivos, por tanto, simplifique seus processos e garanta a interação entre as diversas áreas da empresa.
7. Invista em Tecnologia atento a revolução em curso e sem risco de entrar em “modismos”;
8. Colaboração: esteja pronto para interagir, compartilhar e dividir informações sem receio.
Com um bom entendimento destas estratégias e com um time capacitado as organizações
conseguirão sobreviver a esta nova era de transformação.
Como fazer?
É sabido que o grande problema das empresas é garantir a execução dos extensos planos de ações. Simplificar e fazer o básico bem feito, sem burocratizar a organização deve ser um dos pontos de atenção.
Desta estabelecer Comitê de Gestão Estratégica para pensar na Logística e Supply Chain 4.0 deve ser o primeiro passo dentro dos Conselhos de Administração e do corpo Executivo das organizações. Posicionando para garantir que as estratégias definidas sejam de fato implementadas olhando para o futuro, dando atenção ao planejamento e não aos redemoinhos gerados pelas rotinas.
Reuniões mensais dos comitês devem ser realizadas para garantir o cumprimento das ações dentro dos prazos e que desta forma exista a prestação de contas para todos os colaboradores, buscando sempre acelerar o desenvolvimento de forma sustentável.
Se você ainda não pensou no futuro da Logística e do Supply Chain, comece agora.
É estratégico e de fundamental importância para a sobrevivência das organizações. Não resta
uma alternativa para as organizações a não ser em investir em Processos, Pessoas e Tecnologia
para acelerar o seu desenvolvimento e atender os requisitos do Cliente / Consumidor moderno
e inovar.
As empresas precisam ser rápidas, consistentes e flexíveis para ainda estarem competitivas
nesta nova jornada garantindo uma Logística Eficiente e uma Cadeia de Suprimentos Inovadora.
Este é o melhor caminho e não há mais tempo para esperar.