LOGÍSTICA NO BRASIL

Publicado por: Profº Fernando Trigueiro

Logística no Brasil

Um dos grandes gargalos que precisa ser superado para o plano de desenvolvimento do Brasil é a questão logística. Apesar da importância da movimentação e armazenagem de bens e informações, o setor ainda vive um atraso que acaba encarecendo os custos dos produtos. Durante uma palestra em João Pessoa, conversamos sobre os desafios da logística em busca da excelência, especialmente no Nordeste. O maior problema do setor é a falta de mão de obra capacitada, o que está colaborando para que grandes empresas tragam do exterior seus gestores. Na comparação com outros países “estamos atrasados 30 anos”.

A seguir alguns tópicos abordados na palestra e que vale uma reflexão:

Por que a logística é tão importante para destravar o desenvolvimento do Brasil?

Onde houver movimento e armazenagem de bens e informações, nós temos a logística presente. Então a logística hoje, começa dentro do ambiente domiciliar até as grandes corporações. Infelizmente, o pessoal tem aquela ideia que logística é só a entrega de produto ao cliente. Hoje, o problema é a cadeia de suprimentos como um todo. Do fornecedor em uma ponta até o cliente na outra. É isso que temos que gerenciar.

É possível gerenciar com excelência a logística?

É possível, desde que haja mão de obra capacitada. A falta de pessoal capacitado é um dos grandes calos hoje, principalmente na área de Gestão. Temos muita mão de obra operacional. Grandes organizações estão se instalando na Região Nordeste. Na fronteira entre a Paraíba e Pernambuco temos a JEEP, a Fábrica Brasileira de Vidros Planos e as fábricas de cimento com muita mão de obra operacional, mas os gestores estão vindo de fora, e com isso, estão tirando o emprego do pessoal do nordeste.  Pura falta de capacitação. Por isso as universidades estão correndo atrás para tirar o prejuízo, oferecendo cursos de MBA em Logística e treinamento e agora a PME Academy com cursos de excelência para os gestores.

E a infraestrutura? O que precisa ser feito pelo Poder Público?

Na área da infraestrutura, precisa ser feito algo principalmente em relação à infraestrutura externa. Existem dois lados, a infraestrutura interna – os empresários estão se mexendo, mas ainda muito devagar, e a infraestrutura externa. Por exemplo, nós temos área marítima e não se usa a cabotagem ( transporte marítimo ao longo da costa de um mesmo país), o que reduziria os custos de frete tremendamente. Usa-se a cabotagem, em apenas 3% do transporte logístico no Brasil. Para o que se vê lá fora é nada. Hoje, o que predomina é o transporte rodoviário tremendamente oneroso devido principalmente as más condições das estradas, aumentando muito o tempo de entrega de produtos. Outro gargalo é a questão ferroviária. A Transnordestina está aí parada. Temos um país de dimensão continental e sabemos que o ideal seria uma integração através de ferrovias. Se a gente consegue integrar, os produtos chegarão ao seu destino muito mais baratos. Temos que fazer planejamento em longo prazo, 15, 20 anos. Se a gente fizer isso e conseguir a integração, ninguém segura este país.

Pesquisa recentes feita pela ANELOG (Associação Nordestina de Logística), verifica-se que o custo da cadeia logística representa em média 30% do faturamento das empresas. Quando a gente começa a comparar com o próprio Brasil as regiões Sul e Sudeste, já cai para metade, em torno dos 15%. Quando a comparação é feita com os Estados Unidos cai para 10%, na União Europeia e nos Tigres Asiáticos 9%. Ou a gente aumenta nossa eficiência ou vai ser engolido, principalmente pelas empresas que estão chegando aqui já com uma estrutura interna excelente, mas que terão os mesmos percalços que barram a estrutura externa.

O que é mais urgente para se chegar à excelência na logística brasileira?

Em um país de dimensão continental como o Brasil, construir ferrovias para integrar com outros meios de distribuição principalmente com os modais rodoviários, será uma solução. A integração é fundamental. É o que a gente chama de multimodalidade. Outra alternativa será a preparação urgente da mão de obra gestora, para tomada de decisões em tempo real baseado em fatos e dados concretos.