Quando falamos de cada modal de transporte na matriz brasileira é inegável que o transporte rodoviário possui o monopólio das operações representando quase 76,4% da movimentação de materiais, onde este fenômeno está ligado a chegada das indústrias automobilistas nos anos de 1950 que agilizou o crescimento da construção de rodovias.
Mesmo com um percentual tão elevado no processo distribuição de cargas no Brasil, o modal rodoviário vem apresentando razões que fazem o mesmo ser questionado pela sua ineficiência.
Fonte: Dias (2017)
Como podemos observar, esta ineficiência está ligada a todos os atores envolvidos na operação como: transportadores pela falta de veículos, mão de obra qualificada, locais adequados para armazenagem dos materiais, péssimos locais de parada e descanso e pela falta de segurança e condições de tráfego dos veículos.
Para Dias (2010) “Para vencer todas as adversidades das grandes distâncias de um país de dimensões continentais e de precária infraestrutura, a logística de transporte teve de ser bem criativa”.
Outro fator preponderante para demonstrar tal ineficiência, podemos citar os carreteiros que não possuem estrutura suficiente para brigar com as transportadoras e os agenciadores que negociam quase que 55% do volume total de carga transportada no País. Além disso podemos citar outro fator que contribui para este estado de ineficiência em que se encontra o transporte rodoviário, isto é, das quase 3500 empresas cadastradas na ANTT, apenas 3,5% possuem frota própria e o restante utiliza a mão de obra do carreteiro. Apesar dos dados apresentados anteriormente sobre a ineficiência do transporte rodoviário de cargas, não podemos deixar de destacar que esse modal é de fundamental importância para a economia nacional, pois ele movimenta 7% do PIB (Produto Interno Bruto).
Diante dos dados alarmantes apresentados e pela grande significância do transporte rodoviário para nossa economia, o Governo Federal a e ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) vem implantando ações de melhoria de exploração das infraestrutura e fiscalização na execução dos contratos de concessão das rodovias, onde o Governo fica com a titularidade do patrimônio público e a iniciativa privada realiza obras de melhorias com direito a exploração durante a vigência do contrato de concessão.
A concessão vem apresentando dados significativos, como podemos observar abaixo:
- 336 quilômetros de rodovias concedias
- 22 contratos de concessão de rodovias
- 47 bilhões investido em operações
- 1,47 bilhões repassa de ISS para 429 Municípios
- 15 mil empregos gerados em 2020
- 31 bilhões investidos em obras e manutenção
Com os números apresentados pela ANTT, podemos verificar que o país está buscando melhorar a infraestrutura do transporte rodoviário, promovendo o desenvolvimento e crescimento econômico do país. Outro ponto importante é que, efetuando a concessão das rodovias o investimento é garantido e a manutenção é constante.
Apesar de toda essa movimentação do Governo e da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) vale ressaltar outros pontos primordiais para melhoria do transporte rodoviário de cargas no país, tais como:
- Características da carga
- Características do transporte
- Características da rota
- Características de veículo
- Velocidade operacional
- Tempo de carga e descarga
- Horas de trabalho
Esses pontos listados fogem da alçada dos órgãos oficiais e passam pela responsabilidade dos transportadores autônomos e transportadoras. Diante da realidade alcançada pelo transporte rodoviário, seu estágio de desenvolvimento precisa obter respostas rápidas para conseguir atender a expectativa do mercado.
O aumento da qualidade do transporte rodoviário de cargas e a adequação das necessidades pertinentes a melhoria dos processos está diretamente ligada as ações do Governo Federal, da agência reguladora e da iniciativa privada que precisam estar alinhados para conseguir fortalecer a competividade da produção brasileira no mercado externo e também ajudar na melhoria da renda com a redução dos custos em toda cadeia logística.
Tomando como referência os dados aqui apresentados e toda dinâmica do transporte rodoviário de cargas, finalizo deixando a seguinte pergunta para os leitores:
A implantação definitiva da operação de transporte multimodal para um país de dimensões continentais como o Brasil possibilitaria uma melhorar racionalização dos meios de transporte, trazendo maiores benefícios para sociedade e economia, ou devemos trabalhar o modal rodoviário como nossa maior referência?