THE DARK SIDE OF THE MOON – CAP.1

Publicado por: JG. VANTINE

THE DARK SIDE OF THE MOON – CAP.1

“O lado oculto da lua é a inspiração para eu contar fatos que existem, mas muitos desconhecem, e que tive a sorte de vivenciar como um protagonista da Logística.”

 

“DAS CAVERNAS AOS CONDOMÍNIOS LOGÍSTICOS”

 

  1. O INÍCIO & A EVOLUÇÃO

Absolutamente tudo que o ser humano dispõe é fruto do processo de evolução. A necessidade foi criando a inovação (é a lógica da humanidade), ou a invenção cria a necessidade (raros casos como a genialidade de Steve Jobs que inventou o Smartphone e mudou o mundo).

 

Assim aconteceu com o ato de Estocar, que desde os homens das cavernas até o início da revolução industrial, foi voltado para a “sobrevivência”. E na verdade pouco evoluiu até os anos 40 do Século XX. E isso pode ser visto até mesmo em filmes onde aparecem os grandes galpões, com as técnicas construtivas e processos operacionais elementares, mas adequadas à época.

A segunda guerra alterou drasticamente esse cenário e embora no ambiente militar (e não no industrial 2.0 como muitos pensam), do inglês “Wharehouse / Armazém” e “Wharehousing / Armazenagem”.

 

Isso muda tudo! Tanto nas técnicas operacionais como introdução da mecanização (nada de automação nesse sentido) e principalmente com o uso da matemática para determinação de Estoques e localização dos Armazéns.

 

Terminado o período de guerra, já nos anos 50 do Século XX, os EUA deu a largada para a hegemonia da economia de mercado. Distribuição Física passou a ser “coisa séria”.

 

Entre esse período até meados dos anos 80 do Século XX, tanto as indústrias como as grandes redes de varejo possuíam seus próprios depósitos (capital e operações próprias), que denominamos DPA – Depósito de Produtos Acabado. O “Footprint” (também para alguns: Malha de Distribuição) era simples, como mostramos nas figuras a seguir:

 

  1. A MUDANÇA DE CENÁRIO

A virada dos anos 80 para 90 registram o início do crescimento vertical, e fechando o foco no Brasil, a grande mudança veio após 1994 com o “Plano Real” – Estocar produtos passou a ser coisa séria: De um lado pelo excesso de capital parado e de outro a exigência de abastecimento rápido e eficaz para atender o crescimento da economia de consumo.

 

Ai foi dado o início às mudanças radicais nos modelos de Distribuição, e foram surgindo novas soluções. Por quê?

 

  • Transformar estoque físico ($) em estoque de informação, rentabilizando o capital de giro;
  • Ampliação geográfica do mercado consumidor;
  • Aumento radical de novos produtos (SKU´s) para o mercado;
  • Incremento da tecnologia da informação;
  • Aumento na frequência de entrega e redução da quantidade de produtos por entrega.
  • Crescimento exponencial do comercio eletrônico e suas variantes como a criação do marketplace;
  • Disputa feroz (e de certa forma irracional) para “ver quem chega primeiro”. Logística complicada para entregas no varejo digital em prazos curtos, medidos em minutos até.

 

Com essas transformações houve redirecionamento no uso do capital das grandes empresas industriais e de varejo, passando a focar nas atividades fins. E, como construção de galpão não é parte do “core business”, surgiu o modelo de construção customizada de prédios com alta tecnologia construtiva. O modelo “BTS – Built to Suit”. Surgem as construtoras e grupos de investimentos oferecendo a solução completa: Compra do terreno, projeto executivo, licenças, construção, instalação etc. E tudo isso em acordo com as exigências dos clientes. Portanto o locador investe mediante contrato de locação e locatária se compromete por “x” anos (de 8 a 10) a pagar aluguel. E isso foi bom para as partes permitindo a flexibilidade de modelos mais complexos de distribuição, especialmente com a onda do “Ominichannel”, como demonstra a figura abaixo.

  1. O SURGIMENTO DOS CONDOMÍNIOS

Muito antes do surgimento de investimentos na área da Logística (ou mais corretamente, de Armazenagem), a legislação de “Condomínios” que é antiga (Lei 4.591 de 16/dez/1964), em seu Artigo 1º estabelece a distinção para “fins residenciais e não residenciais”.

 

Mais de 30 anos depois, pelos fatos já mencionados, a fase do “BTS” foi sendo substituída para a de “Condomínios Logísticos”, atraindo o interesse das grandes empresas financeiras internacionais se somando às pioneiras construtoras que lançaram os primeiros condomínios com capital alienado de bancos e investidores individuais.

 

O fato é que geograficamente, e para o bem da Logística Comercial, esses tipos de investimentos se constroem sólidos e robustos e praticamente em todos os estados do país estão presentes. E com a natural evolução nos últimos 10 anos, na atualidade esses condomínios atingiram alto grau de excelência de construção e instalação.

O inicial apelo de compartilhamento de algumas atividade complementares como “Segurança”, com foco em redução de custos, atualmente é acompanhado de muitos outros fatores avaliados pelo locatários, como:

 

  • Localização estratégica;
  • Velocidade de Implantação das Operações;
  • Garantia de Manutenção e Funcionamento 24×7;
  • Capacidade de Expansão;
  • Serviços operacionais: refeitório, bancos, escritórios montados (co-working), vestuário, estacionamento para funcionários, estacionamento para caminhões, portaria digital, redes de fibra ótica, internet de alta velocidade, etc;
  • Facilidade para customização, ou seja, adequação do imóvel às necessidades do locatário, como por exemplo: instalação de câmaras frias.

 

No geral os Condomínios Logísticos se localizam ao longo das rodovias e sistemas viários de acesso rápido e o “plant Layout” muito eficaz.

 

  1. LOGÍSTICA CLÁSSICA X ENTREGAS INDIVIDUAIS

Entregas em domicílio é uma atividade antiga, usadas pelos supermercados, pelas empresas de vendas por catálogos (mais conhecidas Avon, Natura). Tudo sempre funcionou bem até a entrada das fintech no mercado de varejo (modelo Amazon) e tudo se transformou. Mas não confundir a Logística clássica, aquela em que a indústria abastece mercado de consumo através de lojas de varejo, de atacadistas e distribuidores, com “entrega de pacotinhos” individuais, essa que não classifico como se generalizou equivocadamente chamar de “last mile”.

O comercio eletrônico ou digital é mais um canal de vendas para a indústria, que aliás concorre com seus próprios clientes. Ou seja, nesse último elo da cadeia produtiva (que podemos também chamar de cadeia logística) há uma revolução em curso com operações logísticas em fase de consolidação em que falta muito de engenharia de processo, tempos e métodos e principalmente mais estudos técnicos para conciliação entre a Logística Integrada (exercida entre a indústria e o varejo convencional) com as “entregas em domicilio” na quase totalidade em regiões urbanas. Esse é o assunto para o capitulo 2 da série “The dark side of the moon”.

 

 

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